11 de novembro de 2024

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Com crise, bancos de investimento apostam em ‘socorro’ a empresas.

Publicado em 23 de março de 2016 por Sergio Servantes
www.qualioeste.com.br

Muitos tendem a pensar que os bancos são imunes a crise, pois “teriam”, continuamente, lastros intermináveis. A realidade mostra que não é bem assim e eles também precisam se adaptar às novas realidades do mercado, demandadas pela múltipla crise pela qual passamos.

Reportagem do Diário do Comércio, com informações do Estadão Conteúdo, esclarece a nova estratégia de obtenção de receitas dos bancos de investimento.

Veja o artigo abaixo.

Diante da ausência de aberturas de capital na Bolsa e do encolhimento das emissões de dívidas e ações, instituições financeiras ampliam atuação.

Com a crise que atingiu as empresas e reduziu drasticamente a atividade do mercado de capitais, os bancos de investimentos passaram a ampliar o foco de seus serviços para compensar a queda de receitas, oferecendo soluções para adequarem empresas ao ambiente de crise. Com isso, fusões e aquisições, remodelagem de companhias e reestruturação de dívidas ganham cada vez mais espaço.

O movimento de “socorro” a empresas ocorre na esteira do encolhimento das atividades típicas de bancos de investimento, como emissão de dívida e de ações, que secaram por causa da retração econômica e da grande volatilidade do mercado.

A receita com comissões de assessoria em atividades como emissões de ações e de dívida caiu 40% no ano passado, para US$ 459 milhões, segundo dados da consultoria Dealogic. Em 2015, o Brasil registrou apenas uma abertura de capital, a da Par Corretora. A “janela” para ofertas de ações se mantém fechada desde então.

No ano passado, as captações corporativas das empresas brasileiras, tanto no mercado doméstico quanto externo, foram as mais baixas em sete anos. E a fraqueza continua nesse início de 2016, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

As receitas vindas das atividades tradicionais dos bancos de investimento neste ano até o dia 15 de março somavam US$ 31 milhões, caminhando para fechar o pior trimestre em anos, segundo a Dealogic. Nos primeiros três meses de 2015, essa linha foi de US$ 106 milhões, após atingir US$ 183 milhões no mesmo intervalo de 2014.

Um exemplo desse momento de redesenho dos negócios é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que costuma atuar na ponta compradora, mas que, agora, além de ter renegociado vencimentos de curto prazo com credores, contratou diversos bancos de investimento para seguir com seu plano de desinvestimento. Outra que está enxugando seus negócios é a Vale, que corre contra o tempo para se manter saudável diante do ciclo de baixa do minério de ferro.

Responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, Hans Lin afirma que a demanda das empresas pelos produtos de bancos de investimento mudou. “Desde o ano passado, esse é um mercado muito mais de M&A (fusões e aquisições) do que de mercado de capitais”, afirma.

Segundo ele, de 2006 a 2011, cerca de 50% das receitas do banco de investimento eram referentes à emissão de ações. Depois disso, o mercado começou a mudar e hoje mais de 60% das receitas vêm de fusões e aquisições.

O maior volume de empresas precisando de ajuda para remodelagem dos negócios ou, em último caso, até mesmo a sobrevivência, tem como pano de fundo os altos juros que dificultam os pagamentos dos juros das dívidas, o fim do boom das commodities e a maior restrição de crédito por parte dos agentes econômicos.

O ponto chave nesse momento de crise, destaca o diretor gerente do Bradesco BBI, Leandro Miranda, é abordar os negócios das companhias de maneira multidisciplinar, para se fazer uma análise sobre segmentos de atuação, rentabilidade dos negócios, perfil da dívida e eventual necessidade de um ajuste, podendo ser, por exemplo, via venda de ativos. “Monta-se um time que engloba também o conhecimento setorial para entender, por exemplo, possíveis alianças estratégicas e mercados que podem ser acessados para reequilibrar o risco”, exemplifica o executivo.

De um lado da mesa há companhias com foco no mercado interno e que conseguem ser competitivas para destinarem parte da produção ao exterior. Outras, com elevado endividamento, colocaram ativos à venda.

A Hypermarcas, por exemplo, foi bem-sucedida ao vender a divisão de cosméticos para a gigante multinacional Coty e a de preservativos, para a Reckitt Benckiser. Agora, a companhia busca um comprador para as divisões de fraldas e de adoçantes, pois o foco é manter apenas a unidade de medicamentos.

ESTRANGEIROS

Beneficiados pelo câmbio, os investidores estrangeiros têm sido destaque nas negociações no Brasil. Nas operações de fusões e aquisições registradas no ano passado, as compras de empresas brasileiras por estrangeiras responderam por uma grande fatia das transações, com 43% do total, o equivalente a R$ 47,1 bilhões, de acordo com a Anbima.

“As transações ‘cross-border’ vão continuar fortes”, afirma Lin, do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, ao lembrar que muitas empresas se viram forçadas a se desfazer de boas operações para abater o endividamento

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